Como a Governança de Processos Impacta as Entregas e os Times de Tecnologia

Thais Abranches
September 4, 2025

Em um cenário cada vez mais competitivo e digitalizado, empresas de todos os segmentos dependem da tecnologia para inovar, otimizar operações e gerar valor ao cliente. Porém, quando os processos não estão bem definidos, os times de tecnologia enfrentam desafios significativos: prazos extrapolados, baixa previsibilidade, dificuldades de alinhamento e, principalmente, entregas que não correspondem às expectativas. É nesse ponto que a governança de processos se torna um diferencial estratégico.

A governança de processos é a prática de estruturar, monitorar e aprimorar continuamente o fluxo de trabalho dentro das organizações. Mais do que padronizar atividades, ela tem o objetivo de dar clareza ao propósito das entregas, tornar os resultados mensuráveis e promover o engajamento dos times.

Quando não existem processos bem estruturados, as entregas de tecnologia tendem a ser desorganizadas e inconsistentes. A falta de uma linha de raciocínio definida gera dificuldades de acompanhamento – tanto em nível macro, quanto em nível micro.

Essa ausência de governança impede que o contratante acompanhe o progresso das entregas e avalie a qualidade do trabalho. Por consequência, há um aumento no risco de desalinhamento de expectativas, retrabalhos e baixa satisfação.

Imagine, por exemplo, um time de tecnologia responsável por desenvolver um novo sistema de gestão para um cliente. Sem processos definidos, as etapas de levantamento de requisitos, desenvolvimento, testes e homologação podem se sobrepor ou ser negligenciadas. O resultado? Prazos perdidos, funcionalidades incompletas e um produto final que não atende plenamente às necessidades do cliente.

Métricas: a bússola para avaliar desempenho e identificar melhorias

Um dos maiores benefícios da governança de processos é a capacidade de gerar métricas confiáveis. Ao definir fluxos de trabalho claros e monitorar sua execução, a organização consegue medir a produtividade do time, o tempo gasto em cada etapa, a taxa de erros, a quantidade de entregas concluídas e outros indicadores relevantes.

Essas métricas permitem identificar se o time está operando em sua máxima capacidade ou se existem gargalos que comprometem a performance. Por exemplo, se uma análise mostra que a fase de testes de um projeto está levando o dobro do tempo previsto, pode ser necessário reavaliar a estratégia de qualidade, a alocação de profissionais ou até a tecnologia utilizada.

Além disso, as métricas permitem ajustes não apenas nos processos, mas também na estrutura dos times. A organização passa a ter clareza sobre a real necessidade de contratações, treinamentos ou mudanças na distribuição de responsabilidades.

O propósito por trás dos processos

No livro "Comece pelo Porquê", Simon Sinek destaca que organizações de sucesso começam suas ações entendendo profundamente o propósito do que fazem. Essa visão se conecta diretamente à governança de processos.

Quando os colaboradores compreendem o porquê de cada atividade, eles deixam de enxergar os processos como burocracia e passam a entendê-los como instrumentos para alcançar objetivos maiores. Por exemplo, um desenvolvedor que entende que uma etapa de testes rigorosa garante a satisfação do cliente e fortalece a reputação da empresa tende a se engajar mais nesse processo.

Essa clareza também é fundamental para gerar alinhamento. Times que conhecem o propósito de seus processos conseguem priorizar tarefas, tomar decisões mais assertivas e manter a motivação, mesmo diante de desafios complexos.

O papel das metodologias ágeis na governança de processos

As metodologias ágeis, como o Scrum, são exemplos práticos de como a governança de processos pode ser aplicada de forma eficaz e adaptável. O Scrum organiza o trabalho em ciclos curtos de entrega (sprints), promove reuniões periódicas de alinhamento (dailys) e valoriza a inspeção e adaptação contínuas.

Essa abordagem, como outras existentes do modelo ágil, fortalece a governança ao criar rituais que dão visibilidade ao progresso do time e permitem ajustes rápidos diante de imprevistos. Além disso, as metodologias ágeis incentivam a colaboração multidisciplinar e a proximidade com o cliente, garantindo que as entregas estejam sempre alinhadas às necessidades do negócio.

Governança de processos não é sinônimo de burocracia

Um equívoco comum é associar governança de processos à burocracia. No entanto, quando bem implementada, ela traz agilidade e não peso às operações. A ideia não é criar fluxos engessados, mas estabelecer um direcionamento claro para que o time saiba o que precisa ser feito, quando e por quê.

A governança eficiente prioriza a simplicidade e a adaptabilidade. Cada processo deve agregar valor, eliminar desperdícios e facilitar o trabalho da equipe. Quando isso acontece, a produtividade aumenta, os erros diminuem e a empresa se torna mais competitiva.

Benefícios para os times e para a empresa

A adoção de uma governança de processos robusta gera benefícios em diferentes níveis:

  1. Maior previsibilidade nas entregas – prazos são cumpridos com mais frequência e a qualidade do resultado final é superior.

  2. Alinhamento estratégico – as entregas passam a estar mais conectadas aos objetivos da organização e às necessidades do cliente.

  3. Redução de riscos – problemas são identificados e solucionados antes que se tornem grandes obstáculos.

  4. Aprimoramento contínuo – com métricas claras, a empresa pode ajustar fluxos, treinar equipes e melhorar constantemente a performance.

  5. Engajamento do time – colaboradores que entendem o propósito dos processos sentem-se mais motivados e comprometidos.

A governança de processos é muito mais do que uma ferramenta administrativa. Ela é a base que garante qualidade, previsibilidade e escalabilidade nas entregas de tecnologia. Sem ela, as empresas correm o risco de comprometer sua credibilidade e desperdiçar recursos valiosos.

Quando bem implementada, a governança permite que os times trabalhem com propósito, clareza e métricas concretas. Isso gera um ciclo virtuoso: entregas melhores, clientes mais satisfeitos e equipes mais motivadas. Ao conectar processos a uma visão estratégica – como propõe Simon Sinek em "Comece pelo Porquê" – e utilizar práticas ágeis como Scrum, as organizações se tornam mais adaptáveis e preparadas para os desafios do futuro.

Investir em governança de processos é investir no crescimento sustentável da empresa. Afinal, processos bem estruturados são a ponte entre o planejamento e a execução, entre a ideia e o resultado.

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Thais Abranches
Profissional de Governança com foco em metodologias ágeis, automação de processos e desenvolvimento organizacional. Atualmente, atua na Tech4Humans como Agile Coach, contribuindo para a estruturação de processos e implementação de práticas que impulsionam a eficiência dos times. Está finalizando sua graduação em Administração pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), onde integrou projetos de extensão e desenvolveu habilidades em gestão e colaboração multidisciplinar.